QUEM SOU

Minha foto
São Paulo, SP, Brazil
Artista Visual ✪ Edição de vídeo ✪ Criação de vinhetas ✪ Ilustração digital ✪ Pesquisa Arquétipos na Arte Contemporânea da América Latina ✪ Mediação público/ obra

Contato

e - mail : carolixerocos@gmail.com

CAROLINA VELASQUEZ

CAROLINA VELASQUEZ

Portifólio Carolina Velasquez

Carolina Velasquez

ARTIGOS

ESTE ESPAÇO É DEDICADO A TEXTOS DE MINHA AUTORIA E DE AMIGOS, ENTREVISTAS, ANOTAÇÕES DE PROCESSOS ARTÍSTICOS E EDUCATIVOS, MEUS E DE GRUPOS NOS QUAIS ESTOU INSERIDA. BEM VINDO!



A educação acontece em diferentes lugares. Inclusive diante das descobertas propiciadas por uma obra de arte. Só este ano, em São Paulo, a exposição que celebrou os 60 anos da Fundação Bienal, a mostra “Em nome dos artistas” atendeu, via setor educativo, 50 mil pessoas (segundo noticiado pela Folha de São Paulo em 5 de dezembro de 2011) – o equivalente a mais da metade do público total do evento. Outras grandes exposições, como o Videobrasil, ocorrido em 2011 no Sesc Belém e em outros espaços, alcançou quase um terço do seu público total graças ao setor educativo (dados da própria instituição), muitos dos quais visitantes que vieram com suas escolas. Para conhecer os desafios profissionais da área, o Guia de Empregos conversou com as educadoras Carolina Velasquez, Cristina Walter e Valquíria Prates, todas atuantes no setor há pelo menos dez anos.
Sem um levantamento de quantos são ou uma associação que atenda às demandas da categoria, os trabalhadores do setor sabem que lidar com educação não formal em São Paulo significa, involuntariamente, militar pela estruturação na área, provando a cada dia o valor da prática educativa desenvolvida em outros espaços além da sala de aula. Dos muitos museus e instituições culturais da cidade, são poucos os que contam com um corpo fixo de educadores, ou com um setor educativo. Num momento em que a pressa parece ser a chave-mestra dos entendimentos e da comunição vigente, tirar um tempo para si e contar também com interlocutores bem preparados e abertos para o diálogo em torno da produção de arte pode significar uma valorosa transformação nas convivências – e, onde tem transformação, tem trabalho.
Abaixo, as entrevistadas contam que trabalho é esse, as peculiaridades e as principais dificuldades da profissão.
Cristina Walter
Educadora e supervisora de equipes educativas, atua há 12 anos em instituições como o Sesc, FAAP e Fiesp.
Quais os principais campos de atuação para o educador não formal?
Museus, centros culturais e ONGs, que também tem crescido bastante em participação no mercado.
Como é o trabalho do educador para arte em museus?
A cada novo trabalho temos um curso que nos provê do conteúdo da exposição em que se vai trabalhar. É uma atividade permeada por muito estudo, portanto. Um educador não pode deixar nunca de pesquisar, estudar, realizar textos. Daí posteriormente existe o contato com o público, que é diário. A atuação é voltada aos interesses singulares de cada visitante, a partir dos percursos possíveis de acordo com o que cada exposição está apresentando. Transita-se pelos assuntos das exposições a partir dos interesses identificados nos próprios visitantes. Para isso, buscam-se equipes multidisciplinares, já que a atividade também o é. O que acho complicado é o formato que a profissão tem aqui no Brasil, ou em São Paulo. Trabalha-se por projeto, e dificilmente existe uma equipe fixa num determinado museu, ou centro cultural. A instabilidade é difícil, principalmente para quem está começando. É uma dificuldade posta pelo próprio mercado.
Que tipo de dificuldades enfrenta o trabalhador da área?
A primeira delas é não ter registro na carteira. Se você fica dois ou três meses sem trabalhar, entre uma exposição e outra, é necessário fazer a contribuição do inss por conta própria, por exemplo. Fora 13º, férias, ou seja, não há nenhuma segurança. E todo mundo quer ter o mínimo de estabilidade. Isso vem de uma política que barateia o custo para as instituições, e assim ela pode trabalhar com “n” pessoas diferentes.
Carolina Velasquez
Artista plástica, educadora e supervisora de equipes educativas, atua há 11 anos na área. Já passou por instituições como Bienal e Itaú Cultural.
O que caracteriza o trabalho com a educação não formal?
Na educação não formal existe uma liberdade de criação muito grande. É um grande espaço de experimentação aplicada de diversas metodologias. Por outro lado, existe uma dificuldade muito presente para sistematizar o desenvolvimento diário conquistado na profissão, quanto às relações estabelecidas com o público ao longo das últimas décadas. Existe uma certa falta de consciência do educador como um profissional atuante. Tanto por parte dos setores mais burocráticos das instituições quanto às vezes dos próprios educadores. O conhecimento, nesta profissão, tende a ser muito segmentado, o que dificulta a apreciação dos resultados e dos objetivos consolidados.
Quem são os trabalhadores da área?Inicialmente eram estudantes universitários, não necessariamente de licenciatura, que procuravam ou um estágio, ou um meio de subsistência financeira, ou ainda uma maneira de enriquecer seu repertório a partir da formação proporcionada pelas instituições previamente às mostras de arte – o assim chamado “período de formação”. É um mercado que reúne estilos muito diversos de prática, conforme o posicionamento de cada instituição. Muitos dos profissionais acabam tendo de se desdobrar tanto entre suas atividades acadêmicas, quanto de produção do próprio trabalho de arte, bem como no atendimento às escolas e ao público espontâneo em atividades voltadas à educação não formal.
Quais os maiores desafios para um educador da área?
Como conciliar a realização financeira com o tempo do estudo e do trabalho. São necessidades pelas quais passam os educadores que escolheram viver da sua arte – atividade simultânea adotada por muitos que trabalham também com a educação não formal. O que vem primeiro: a sua autonomia e a constituição do seu próprio saber e de sua formação, ou as demandas instituicionais a que se está atrelado? Pode ser difícil alcançar um equilíbrio quando muitas vezes é preciso lidar inclusive com a simultaneidade de empregos, acumulando jornadas de trabalho, isso em meio aos complexos deslocamentos por uma cidade como São Paulo, por exemplo.
Valquíria Prates
Educadora especializada em público especial, há 15 anos na área. Coordenadora de equipes educativas em instituições como o VideoBrasil.
Como é o dia a dia profissional de um educador não formal?
O educador não formal precisa sempre aprender de novo, a partir do contato com coisas que se colocam no cotidiano, tanto quanto ao repertório, bem como da metodologia para o trabalho. É uma atividade em que, mais que nunca, a forma do que se está ensinando é tão importante quanto o que está sendo ensinado. São ações repensadas em sua duração e procedimentos no transcorrer do caminho. Tem a ver, portanto, com como convocar para a aprendizagem, tema recorrente na educação não formal.
Quais as peculiaridades da prática educativa não formal?
Na educação não formal, como a gente não necessariamente tá no espaço de sempre, como é o caso de uma sala de aula, a gente precisa desenvolver também maneiras diferentes de abordagem. O espaço da sala de aula já carrega décadas de pensamento sobre isso; o da educação não formal, até por ser uma coisa recente, não.
Ouça a educadora Valquíria Prates contando o que é e quais são as principais contribuições da educação não formal para o desenvolvimento humano.
Quais os principais desafios para o trabalhador da área?
Por se trabalhar com contratos de trabalho com duração determinada, existe uma insegurança profissional e muitas vezes até financeira. Você pode estar no mercado de educação não formal com carteira assinada, benefícios etc, mas em geral, o que acontece é que o mercado brasileiro para a área é caracterizado como um serviço, algo transitório, o que não deixa as pessoas terem a sensação de estabilidade. Pra muita gente, isso pode ser muito bacana: você está sempre mudando. Por outro lado, você não consegue ter um trabalho continuado, com o mesmo grupo de pessoas. Tanto com relação aos seus pares, quanto àqueles que são os educandos. É um grande desafio. E para a instituição que promove a educação não formal também. É uma herança do neo-liberalismo exarcebado nos anos 90, no qual o lugar da cultura, que é o campo de atuação da educação não formal, é entendido como uma prestação de serviço, com oscilações e fragilidades, dependente de variáveis orçamentárias que não tem sustentabilidade própria. Isso acaba refletindo nas relações de trabalho. Todo esse contexto redunda num desafio maior, que é o de como se colocar politicamente dentro das instituições e do seu próprio trabalho: ou seja, quais concessões fazer e quais não, ou porquê este ou aquele formato de trabalho, com abertura para tal e tal público? É um trabalho em que se trata, acima de tudo, de uma formação política, inclusive do prórpio educador. Acaba sendo um jeito de responder a quais narrativas de vida se quer para si, e é quando se tem a possibilidade de descobrir que pouca coisa não está ao alcance da gente mesmo mudar.
Compartilhe e Socialize:
  • Print
  • Facebook
  • Twitter
  • Google Bookmarks
  • email
  • Orkut
  • RSS
Link: http://guiadeempregos.aprendiz.uol.com.br/2012/01/02/trabalho-do-educador-fora-da-escola-ainda-e-pouco-reconhecido/

Artigos Relacionados:

ABAIXO: Relato sobre processos de formação com professores na Exposição Joseph Beuys A REVOLUÇÃO SOMOS NÓS. SESC POMPÉIA. 2010
O CORPO DAS COISAS
de Carolina Velasquez

Este espaço é dedicado à retomada da CONSCIÊNCIA do  corpo das coisas, de todas as coisas, materiais e/ou imateriais.

O corpo e o pensamento.

Antes de ler,           perceba como você esta sentado,
a posição dos teus ombros,
                          tua coluna,
 o que em você não está relaxado,           

se você respira,           se quando inspira ...
            tem espaço dentro de você para o ar passear
e dar meia volta e                                sair,

   tudo em uma velocidade constante e harmoniosa.

Quando realizada esta ação, teremos um registro da sua relação com o ambiente, incluindo este artigo. Se está lendo, fique consciente, fique aqui; se está somente respirando, fique consciente, esteja aqui, em você, em seu corpo.

✯ Trabalhei por aí, em muitas instituições da cidade de São Paulo, por elas passaram artistas, obras, curadores, públicos. Em cada brecha eu encontrei o corpo das coisas, cada etapa do processo de construção/ execução/ decodificação do corpo destas coisas que formam uma obra e como conseqüência formam o público, seja qual for seu suporte e/ou contexto sócio político cultural


      BEUYS E O CORPO DA FALA

✯   Dentro dos bastidores da exposição  A REVOLUÇÃO SOMOS NÓS  do artista alemão Joseph Beuys, realizada no final de 2010 no SESC Pompéia em São Paulo, fui integrante da equipe do educativo, sendo supervisora da equipe de educadores e incumbida, junto da equipe, em dar o curso para professores sobre o tipo de pedagogia que  Beuys teria criado e executado enquanto professor em vida, na Academia de Belas Artes de Dusseldorf, Alemanha ( onde foi professor de escultura, onde aceitou dez vezes mais alunos do que o permitido pela Instituição, sendo estes alunos das mais variadas camadas da sociedade e na FIU ( Free International University), esta fundada por Beuys em 1971 com o objetivo de que estudantes e não somente estudantes pudessem desenvolver sua criatividade de uma forma mais ampla, objetivo que, segundo Beuys, solucionaria a falta de espaço na academia e é claro, colocaria abaixo as restrições elitistas à entrada dos demais cidadãos que mesmo exercendo outras profissões na sociedade – padeiros, motoristas, prostitutas, professores, ...possuem interesse e repertórios diferenciados para se aprofundar pelos vastos campos de estudo abordados por uma Universidade  – como arte, política, retórica – estes evidenciados na fala de Beuys como professor e artista
✯  Voltando ao planejamento do curso de professores, fiquei pensando no público – alvo da formação de professores, tantas camadas...nunca se nivela um grupo por baixo, para isso precisamos reconhecer uma característica em comum, ou necessidade, ou vantagem entre estas ”camadas” diferentes... professores, cada um em seu repertório e seu público. A palavra de ordem resultante foi: VIVÊNCIA.
✯ Os interessados deveriam vivenciar o processo pedagógico de Beuys e não somente escutar sobre, exaltação do conteúdo através de uma pessoa só, comunicação de mão única, onde a voz e o corpo do ouvinte se calam, com comodismo e medo; neste momentos esquecemos de sentir com o olfato, o tato, o espírito; e como conseqüência não treinamos nosso posicionamento, nosso entendimento do conteúdo através da fala, do equilíbrio dos argumentos que é a necessidade real do professor e do cidadão atuante em sua sociedade, aquele que pensa, observa, fala, pondera, constrói, cria o seu meio.
✯   A palavra, para o professor em escultura Beuys, é um material como a tinta, a argila, o mármore, pode comunicar; “A escultura deve ser ouvida, mais do que vista”
✯ Para o multiplicador, o educador, professor, monitor, o ser humano é necessária a assimilação do conteúdo estrutural do argumento, a informação, mas sobra uma questão que assombra a hora da performance deste profissional – como vou decodificar esta informação? E como ensinarei o aluno a decodificar através não somente do meu ponto de vista, mas também de seu próprio repertório? Que resultem neste processo, como vou executar as atividades, obras coletivas, como darei a palestra, aula, monitoria?

✯  Como será o meu processo de deglutição do conteúdo??, esse conteúdo que quando é devorado torna-se parte de nosso DNA. Como passaremos para frente o resultado deste processo de decodificação se não estamos conscientes das características de nosso próprio DNA? Mesmo que consigamos um resultado plausível, não teremos confiança nele, pois não haverá o reconhecimento da técnica da ação, somente o improviso a beira da consciência, porém sem a possibilidade de uma repetição, treino, desenvolvimento consciente, base para a decodificação do que acontece quando atuo em meu grupo, em meu meio, ESTE é o primeiro passo do processo que Beuys iniciava com seus alunos, a  academia da fruição artística!

o corpo das coisas
 Beuys e o corpo da fala
 Escultura social = Cada expressão é única

Publicado no site Guernica e tal wordpress